Projetista DesenhoNa arquitetura, na engenharia e no design ou desenho industrial, os desenhos técnicos são feitos por profissionais capazes de representar a ideia de um produto através de formas, dimensões e posições. Os projetistas utilizam-no para se comunicar com o fabricante e seu objetivo é atender as diferentes necessidades dessas áreas do conhecimento.

A diferença entre desenho artístico e técnico é que o primeiro é capaz de produzir emoções e retratar o mundo do artista, já o técnico facilita, descreve e representa uma ideia por meio de regras e procedimentos.

Números, linhas, símbolos, letras em conjunto são descritos internacionalmente e através de várias normas é a linguagem gráfica que facilita o entendimento dos desenhos.

Para interpretar e executar o desenho técnico, é necessário passar por um treinamento adequado. É esse profissional que irá transcrever figuras planas, a fim de representar formas espaciais. É preciso enxergar o que não se vê e ter capacidade para entender as figuras. A essa perspectiva, dá se o nome de visão espacial.

A visão espacial: enxergando o que poucos veem

Conceituada como um tipo de percepção mental de formas espaciais, todos possuem esse dom de enxergar; porém, uns possuem mais facilidade em enxergar a partir de figuras planas e outros não. A habilidade de percepção por meio das figuras é possível quando o indivíduo desenvolve uma série de exercícios.

Por meio da visão espacial, ao imaginarmos uma casa, fechando os olhos, é possível saber sua proporção, suas formas e medidas sem estar vendo-a fisicamente.

História do Desenho Técnico

No estudo da história da arte, vemos que anteriormente, um objeto era facilmente representado por formas planas e nas mais variadas situações os homens pré-históricos reproduziam objetos ou seres reais nas paredes das cavernas.

Para os egípcios e os maias, a realidade era retratada por meio de desenhos mais avançados e em suas formas de escrita buscaram detalhar.

À medida que as civilizações foram evoluindo com a escrita, houve o surgimento do alfabeto e os desenhos começaram a se assemelhar com às fotografias. Surgem os primeiros desenhos técnicos, por volta do Renascimento. Mas, de acordo com registros históricos, o primeiro uso do desenho técnico consta no álbum de desenho da Livraria do Vaticano, no ano de 1490, o desenhista Giuliano de Sangalo já usava planta e elevação.

Geometria DescritivaNo século XVII, o matemático e desenhista francês Gaspar Monge (1746-1818) criou um sistema utilizado na engenharia militar com o uso de projeções ortogonais, ou seja, um sistema capaz de representar as três dimensões de um objeto, com precisão, em superfícies planas.  

Esse sistema foi publicado em 1795, cujo título era “Geometrie Descriptive ou Geometria Descritiva”, conhecida como método de monge ou geometria mongeana, é usado como a base da linguagem do desenho técnico. Essa geometria passou a retirar a expressão artística do desenho, caracterizando-o com uma linguagem técnica e precisa. Sua metodologia consiste em utilizar a épura (técnica capaz de representar o volume de um sólido) para visualizar objetos situados no infinito.

Por volta do século XIX, com a Revolução Industrial, a Geometria Descritiva precisava ser normalizada para que a comunicação pudesse ser feita em nível internacional. Assim, a Comissão Técnica TC 10, da International Organization for Standardization – ISO, cumpriu esse papel e tornou a Geometria Descritiva a principal forma de linguagem gráfica da engenharia e da arquitetura, sendo chamada de desenho técnico.

Desenho Técnico e a Engenharia

Na engenharia, boas ideias são representadas por meio de desenhos técnicos, que simplificam cálculos, fórmulas, estudos econômicos, riscos do empreendimento, etc. Aquilo que deve ser construído, representado ou executado é mostrado por meio de gráficos ou diagramas que resumem todo o estudo.

Mesmo com o desenvolvimento da tecnologia, o estudo do desenho técnico é essencial para um engenheiro, pois é a partir dele que serão desenvolvidas habilidades transmitidas por meio de muito treino e do professor. Você desenvolve o raciocínio, proatividade, a organização e capacidade de entender formas geométricas.

Tipos de Desenho Técnico

O desenho técnico pode ser dividido em dois grupos:

  • Desenho projetivo, aqueles provenientes de projeções do objeto, em um ou mais plano, correspondentes às vistas ortográficas (figuras de projeções ortogonais sobre planos, a fim de representar a forma detalhadamente) e as perspectivas (figuras de projeção sobre um único plano, que permitem uma melhor visualização do objeto);
  • Desenho não-projetivo, advindos de cálculos algébricos são representados por gráficos, diagramas, esquemas, organogramas, etc.

O desenho projetivo é utilizado em todas as modalidades da Engenharia e da Arquitetura, e por causa das diferentes modalidades aparece também com outros nomes:

  • Desenho Mecânico;
  • Desenho de Máquinas;
  • Desenho de Estruturas;
  • Desenho Arquitetônico;
  • Desenho Elétrico/Eletrônico;
  • Desenho de Tubulações;
  • Desenho técnico de moda, etc.

Apesar dessa diferenciação possuem as mesmas bases de apresentação e, por isso, não prejudicam na comunicação.

Cursos de Desenho Técnico

Curso Desenho TécnicoExistem diferentes instituições que oferecem cursos de desenho técnico. Geralmente eles abordam conceitos de desenho voltados para Arquitetura e Engenharia. Além de conhecer a linguagem do desenho, o indivíduo aprenderá como representar projetos e fazer a leitura dos mesmos, utilizando instrumentos e suportes adequados.

Os profissionais terão habilidades que poderão ser usadas nos mais diferentes segmentos industriais. Por exemplo, na área da Construção Civil, o desenhista poderá auxiliar um arquiteto na elaboração de plantas. Na mecânica, poderá fazer representações de vários sistemas mecânicos.

Apesar de serem oferecidos cursos técnicos de desenho, as Faculdades de Arquitetura, Engenharia e Design podem oferecer o desenho técnico como uma das disciplinas dos cursos.

É imprescindível o desenhista ter um traçado bom, saber aplicar as técnicas e conhecer bem sobre geometria, pois isso facilitará a interpretação de seus projetos. O curso geral de desenho técnico dura, em média, de 200 a 400 horas.

Além disso, o próprio curso pode oferecer especializações para o aluno se aprofundar em determinado segmento. Por exemplo, de desenho técnico, pode-se fazer Eletromecânica, Eletrônica, Desenhistas e Projetistas para Construção Civil, etc. Alguns desses cursos são oferecidos pelo SENAI, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.

Glossário Técnico

Quando uma pessoa inicia o curso de Desenho Técnico, é introduzido o Desenho Mecânico e são utilizados vários termos:

A

Aresta – equivalente a uma linha no desenho, é uma reta comum a dois planos.

B

Broca – ferramenta usada para fazer furos.

Brocar – perfuração feita com uma broca.

C

Calço – peça utilizada para nivelar ou firmar.

Chanfro ou chanfradura – recorte em ângulo em uma das linhas da peça.

Chanfrar – fazer chanfro em uma peça.

Chaveta – peça utilizada como trava, colocada entre o eixo e a roda.

Concordância – Feito externamente ou internamente, é o arredondado produzido em uma aresta da peça.

D

Decapagem – Limpar, polir ou alisar uma peça.

E

Entalhe – nome de um corte produzido com serra.

Escarear – nome de um furo feito em forma cônica (feito geralmente, para colocar a cabeça de um parafuso).

Esmerilhar – fazer o acabamento de uma superfície.

Estampagem – tipo de obra realizada, em geral, numa folha recortada e metálica.

F

Fresar – técnica feita com uma fresadora (ferramenta de corte).

Forjar – processo que dá formas a um metal, a partir de golpes feitos com um objeto quente.

L

Limar – Dar acabamento com lima (superfície mecânica com haste de aço) em uma superfície.

M

Matriz – peça capaz de prensar uma forma desejada.

O

Orelha – saliência de uma peça.

P

Polir – alisar com feltro (tipo de tecido feito com lã ou pelo de animais) ou semelhante uma superfície.

R

Ranhura – vários riscos leves abertos em um eixo.

Rasgo de chaveta – cavidade aberta para encaixar uma chaveta.

Rebaixo – nome dado a parte cilíndrica alargada de um furo.

Rebite – tipo de pino com cabeça fendida ou cônica usado como ligação permanente.

Roscar – técnica onde é aberta uma rosca em furo ou eixo.

Recartilhar – técnica que utiliza o serrilhado para transformar uma superfície em áspera.

T

Tarraxa – instrumento capaz de abrir roscas externas.

Trepanar – executar uma ranhura em forma circular em torno (máquina capaz de usinar peças de forma geométrica) de um furo.

V

Vértice – identificado como o canto (um ponto comum entre retas) de um objeto.